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terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A Chave do Futuro


Se o futuro nos parece às vezes desafiador, pode ser sobretudo em função das nossas relações com o passado, de apego ou aversão. Não falemos aqui ainda do presente, que de certa forma é quase uma abstração, e se resume às nossas atitudes.


Uma das razões dos ensinamentos sobre libertar-se de apegos e aversões, é justamente porque estes sentimentos criam elos com o passado e nos impedem de “vivenciar o presente” e criar um futuro melhor.


Quando vemos o futuro como um desafio, devemos começar por mensurar as nossas forças e capacidades, as quais se acham muitas vezes envolvidas com o passado, naquilo que devemos resgatar e naquilo que devemos esquecer.


E começar a libertar-nos, desta forma, de uma série de ilusões aprisionantes.
Ora, uma das grandes ilusões que alimentamos, é a de poder recomeçar tudo do zero, a partir de uma crítica feroz do passado e de uma ilusão de onipotência, mais própria quiçá da juventude.
Contudo, “nada se faz a partir do nada”, é um ditado latino antigo (nihil ex nihil).
Assim, com a experiência, aprendemos que em nosso passado existem tesouros ocultos, assim como maçãs podres que esquecemos de tirar da cesta.
Por isto, de um lado nos toca a tarefa de revalorizar e resgatar certas coisas –e não somente pessoais, mas também conceitos e idéias.
E de outro lado, tratar de esquecer ou relevar mágoas e ressentimentos –especialmente se for de natureza pessoal, aí sim.


Tudo isto, para realmente nos abrir para o novo, uma vez mais, sobretudo quando aquilo que a vida nos pede vai além de nossas forças pessoais e aponta para o movimento coletivo..
A verdadeira experiência de renascimento interior, passa sempre por uma reforma do próprio coração.


Perdoar é algo fundamental. Sem isto pouco alcançamos realizar.
Não podemos avançar sequer em nossas próprias sendas sem a superação do mofo do passado. Assim como tampouco podemos seguir, isentos de suas luzes, que por preconceito ou negligência também deixamos atrás –até porque ambas as coisas estão sempre muito ligadas.
Mas quando chega o momento em que a vida traz aquela situação de passarmos de aprendizes para mestres (ou de crianças para pais), de agentes individuais para atores sociais enfim, então uma profunda renovação se faz necessária.


Tal como uma sociedade não é capaz de avançar em certos momentos sem uma ampla anistia capaz de anular as diferenças, também na vida das pessoas torna-se impossível crescer como se necessita –até para efeitos práticos, tal como de ação conjunta- sem o perdão, pedido e ofertado no próprio coração.


Quando as sociedades antigas decretavam um ano de jubileu periódico, tal coisa envolvia certamente o perdão das dívidas de toda a sorte. Esta renovação era necessária para as relações não se deteriorarem em definitivo, prejudicando muito mais do que as próprias pessoas, mas o próprio futuro da coletividade. De fato, pode chegar a ser bem mais difícil perdoar em nome próprio, mas quando o coração pulsa forte em nome do Bem Comum, então sim podemos conseguir forças também para isto.


O mundo caminha hoje para graves transformações. Daí ser chegada a hora de rever as nossas velhas posições. Já não podemos nos dar ao luxo de manter quinquilharias emocionais, e nem de prescindir das jóias que recebemos –tal como são os nossos sonhos de um mundo melhor, de fraternidade e de unidade.


E estar sempre atentos para a importância de cada momento como um possível ato-fundador. Tudo isto é colocado porque o 2012 está aí, como um marco capital na evolução da humanidade, definindo nova atitudes globais.


Aquilo que se está a colocar aqui é, pois, algo muito sério, infinitamente sério mesmo –daí ter sido sempre lembrado no átrio dos novos tempos da humanidade-, pois disto depende o futuro de todo o planeta e a forma como as gerações –que já estão aí- irão nos olhar e julgar a todos, independente de qualquer outra coisa.


Pois o importante não é jamais aquilo que pensamos ou o que sentimos, mas sim aquilo que fazemos.

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